quinta-feira, 12 de abril de 2012

DETERMINAÇÃO DE NITRATO EM ÁGUAS MINERAIS

Fontes de água potável contendo altas concentrações de nitrato apresentam
um grande risco para a saúde pública e animal. O ânion não apresenta
relativa toxidez para os adultos, pois é rapidamente excretado pelos rins.
Entretanto, concentrações maiores que 10 mg/L de nitrato, expresso como
nitrogênio (NO3), podem ser fatais para crianças com idades inferiores a
seis meses e causar problemas de saúde em animais. Em crianças,
nitrato é convertido a nitrito, que se combina com a hemoglobina no sangue,
formando metamoglobina, e causando a síndrome do bebê azul. Também,
outros problemas podem ser causados pela formação de nitrosaminas

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Hexafluoreto de Enxofre

Hexafluoreto de Enxofre é um composto químico inorgânico dos elementos químicos enxofre e flúor com a fórmula química SF6.
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Hexafluoreto de Enxofre é um gás sintético, utilizado principalmente pela indústria elétrica, como meio isolante e extintor de arco elétrico, tanto em disjuntores, como em uma subestação blindada.
É formado por um átomo de enxofre, rodeado por 6 átomos de flúor. Possui grande eletronegatividade, portanto extingue arcos elétricos. É quimicamente inerte, mas é 23.000 vezes mais nocivo para o efeito estufa que o dióxido de carbono. Entretanto, representa menos de 1% de colaboração no aquecimento global.
Uma curiosidade sobre esse gás é que, ao ser inalado, ele torna a voz mais grossa, efeito contrário ao do gás hélio. Isso ocorre porque é um gás 5 vezes mais denso que o ar, o que reduz a velocidade e a frequência das ondas sonoras. Além disso é usado na experiencia da água invisivel, na qual se enche um aquário com Hexafluoreto de Enxofre e se coloca um barco feito de alumínio, como ele está cheio de ar ele flutua como se estivesse sobre a água. Não é um gás tóxico, no entanto por ser mais denso que o ar, em ambientes fechados e de pouco espaço, expulsa o oxigênio, causando asfixia.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Sacolas plásticas banidas ainda não têm substituto


Econômico ou ambiental
Os supermercados de São Paulo deixam, nesta quarta-feira, de distribuir gratuitamente sacolas plásticas.
Medidas semelhantes começam a ser discutidas pela União Europeia para reduzir gradualmente o uso das sacolas no continente.
Mas qual seria a melhor maneira de lidar com os problemas ambientais causados pelo uso excessivo de sacos plásticos?
No caso de São Paulo, a medida trará uma redução de até 7 bilhões no número de sacolas plásticas descartadas no Estado, segundo estimativa da Apas (Associação Paulista de Supermercados).
Com isso, os supermercados terão uma economia mensal de R$ 17,5 milhões. Mas segundo João Galassi, presidente da entidade, o objetivo da medida é ambiental e não econômico.
A Apas estuda também uma forma de emprestar sacolas reutilizáveis para consumidores que forem aos supermercados, as chamadas "sacolas ecológicas", geralmente feitas igualmente de plástico ou de tecido.
Sacolas não descartáveis
Não há um substituto perfeito para as sacolas de plástico descartáveis. Sacolas mais pesadas e resistentes, feitas de plástico ou tecido, podem causar um impacto ambiental maior que o das sacolas descartáveis.
No ano passado, a agência britânica do Meio Ambiente divulgou um estudo calculando quantas vezes uma sacola reutilizável tem de ser usada para causar menos impacto ambiental do que uma sacola descartável (de plástico e papel).
Se uma sacola de plástico for usada apenas uma vez, por exemplo, sua equivalente de papel tem de ser usada ao menos três vezes para compensar a quantidade maior de carbono usada na produção e transporte.
Já uma sacola plástica reutilizável tem de ser reutilizada ao menos quatro vezes - e uma de tecido 131 vezes - para compensar seu impacto ambiental em relação a uma sacola plástica descartável.
O estudo levou em conta que as sacolas não descartáveis são maiores e podem transportar mais produtos que as descartáveis.
Já levantamento da Universidade do Arizona, de 2010, afirmou que sacolas reutilizáveis seriam "terreno fértil para perigosas bactérias de origem alimentar".
Porém, a pesquisa foi financiada pelo Conselho Americano de Química, integrado por diversos fabricantes de sacolas plásticas, e por isso criticada por associações de consumidores.
Sacolas biodegradáveis
A Comissão Europeia estuda novas formas de classificar sacolas biodegradáveis e compostáveis.
As compostáveis só podem ser recicladas em indústrias especializadas. Já as biodegradáveis podem se deteriorar no ambiente, porém de duas formas diferentes:
- As feitas a partir de milho são mais bem decompostas em aterros sanitários, porém produzem gás metano (causador de efeito estufa) durante sua decomposição.
- As de tipo oxo-biodegradável se deterioram em contato com o ar e com a água, mas não em aterros sanitários.
Segundo a empresa britânica Symphony, produtora de sacolas oxo-biodegradáveis, elas podem ser "programadas" para se desfazer em um período entre seis a 18 meses.
Sacolas de papel
De acordo com estudo da agência britânica de Meio Ambiente, além do maior dano ambiental, as sacolas de papel também são menos reutilizadas pelos consumidores - principalmente como sacos de lixo.
Tradicionalmente, as sacolas de papel são as mais utilizadas nos EUA, apesar de causarem maior impacto ambiental em relação às feitas de plástico.
Segundo o ativista Ted Duboise, do site "Relatório sobre Sacolas Plásticas", a preferência americana pelas sacolas de papel se explica pela força do lobby da indústria madeireira do país.
Sacolas plásticas na Europa
Na Europa, diversos países já trabalham individualmente na redução das sacolas plásticas. Contudo, a Comissão Europeia se prepara agora para enfrentar o problema em todo o bloco.
Segundo o órgão executivo da União Europeia, 27 países do bloco jogam fora anualmente 800 mil toneladas de plástico. Isso representa cerca de 4 bilhões de sacolas (191 unidades por pessoa, segundo estimativa de 2010), número bem inferior ao do Estado de São Paulo.
"O impacto desse lixo plástico pode ser visto sujando nossa paisagem, ameaçando a vida selvagem e se acumulando como 'sopa plástica' no oceano," afirma o comissário de ambiente Janez Potocnik.
Banimento completo
No ano passado a Itália se tornou o primeiro país europeu a proibir a distribuição de sacolas plásticas não biodegradáveis.
Fora do bloco, outros países ou regiões do mundo também adotaram a medida, entre os quais regiões da China, África do Sul, Quênia, Uganda, Ruanda, Somália, Tanzânia, Emirados Árabes e Bangladesh - este último após descobrir que as sacolas plásticas foram as responsáveis por entupimentos de bueiros que causavam diversas inundações.
No Reino Unido, a proibição entrou em debate no governo em 2010, quando o consumo do produto se elevou 5% após uma sequência de três anos em queda. Já nos EUA, a legislação varia de cidade para cidade.
Imposto sobre sacolas plásticas
A Irlanda implantou uma taxa de 0,15 centavos de euro (R$ 0,36) por sacola, em março de 2002, obtendo uma redução de 95% no consumo do produto. Em cerca de um ano, 90% dos consumidores passaram a usar sacolas não-descartáveis.
Essa cobrança foi elevada para 0,22 centavos de euro (R$ 0,52) cinco anos depois, quando o governo identificou que o consumo anual per capita das sacolas plásticas subiu de 21 para 30 (antes da lei ele era de 328).
Os recursos arrecadados com a taxa foram usados para pesquisar novas formas de reciclagem e reduzir o volume de lixo produzido.
A iniciativa irlandesa foi seguida por Bélgica, Espanha, Noruega, Holanda e o País de Gales - que também implantou uma multa de 5 mil libras (R$ 14.500) para supermercados que distribuírem sacolas plásticas gratuitamente.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Brasil completa 30 anos de uso da energia nuclear


Comemorar ou chorar?
O Brasil chega aos 30 anos de uso da energia nuclear sem ter clara a questão de se isto é motivo para comemorar ou para lamentar.
De um lado, o governo e todos os envolvidos na operação das usinas nucleares ressaltam a importância do projeto nuclear e da formação da mão-de-obra especializada na área.
De outro, especialistas e ambientalistas destacam que a energia gerada pelas usinas de Angra poderia ser gerada por usinas tradicionais a um custo muitíssimo menor. E questionam a formação de mão-de-obra, que afinal só serve para operar as próprias usinas.
Depois de um histórico de problemas técnicos, a matriz nuclear marcou em 2011 um recorde de produção, com 15,644 milhões de megawatts-hora (MWh).
Segundo o governo, se Angra 3 for realmente concluída em 2016, como previsto, será possível alcançar 60% do consumo de energia elétrica do estado do Rio de Janeiro abastecidos pela fonte nuclear. Hoje, as duas usinas nucleares em funcionamento no país, Angra 1 e Angra 2, geram o equivalente a 30% do que é consumido no estado.
Forma adequada
Na avaliação do presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro, o uso da fonte nuclear para geração de energia trouxe ao país maturidade tecnológica na área, abrindo o campo de trabalho e colaborando para a formação de engenheiros nucleares de padrão internacional. "A principal vantagem que tivemos foi o aprendizado", avaliou.
Para Othon Pinheiro, hoje não se pode prescindir da fonte nuclear de energia que, na sua opinião, não pode ser descartada da matriz energética nacional. "É muito importante na geração de eletricidade, porque nós temos, hoje, no Brasil, 80% da população vivendo nas cidades. A sustentabilidade das cidades passa pela energia elétrica, da forma mais econômica e racional possível".
Segundo ele, "se tratada de forma adequada, [a energia nuclear] é uma fonte de energia limpa e não deve ser descartada da matriz energética nacional".
Othon Pinheiro lembrou da característica estratégica da energia nuclear, por ser opção em caso de problemas na oferta de energia elétrica devido a questões climáticas, já que a matriz energética é majoritariamente hidrelétrica.
"Precisamos da [fonte de energia] eólica, da solar. Seria bom se elas trabalhassem sozinhas. Mas a gente precisa das térmicas, para acionar em caso de problema da natureza. Energia é como ação [da Bolsa de Valores]. Por melhor que seja, a gente tem que comprar uma cesta de papéis para garantia do investimento".
Para o presidente da Eletronuclear, o país não pode descartar nenhuma fonte de energia renovável. Ele defende a geração de energia nuclear por considerá-la de baixo impacto ambiental e por questões de custo. Pinheiro ressalta que, dentre as térmicas, como as que produzem energia a partir do carvão, óleo combustível ou gás, a usina nuclear é a que tem menor custo. Além disso, ele lembra que o Brasil tem uma grande reserva de urânio, sendo "falta de imaginação" não aproveitar esse potencial.
Projeto malsucedido
O físico Luiz Pinguelli Rosa, ex-presidente da Eletrobras, acredita que a geração de energia nuclear constitui um fato histórico. "A gente não pode se arrepender da história. Ela é como é", disse Pinguelli à Agência Brasil.
Mas ele contesta a real necessidade do Brasil lançar mão dessa fonte de energia tão controversa.
Pinguelli enfatiza que geração de energia a partir da fonte nuclear não pode ser vista como imprescindível para o país. Para ele, a energia produzida pelas usinas Angra 1 e 2 poderia ser compensada por outras fontes de energia renováveis. "Por hidrelétricas mesmo. Até agora, não haveria problema".
Ele relembra o acordo nuclear bilateral, firmado entre o Brasil e a Alemanha, em 1975, que previa a construção de oito reatores, definindo que nem tudo correu bem em relação à energia nuclear no Brasil.
"Acho que o acordo com a Alemanha foi malsucedido do ponto de vista brasileiro," afirma. Os custos elevados e as seguidas crises econômicas fizeram, no entanto, com que apenas duas usinas fossem construídas no país até agora.
Pinguelli, por outro lado, concorda com Othon Pinheiro sobre o ganho tecnológico que a geração nuclear propiciou ao Brasil, embora a um custo muito elevado.
"Criou-se uma competência na engenharia nuclear. Os dois reatores que o Brasil tem funcionando têm bom desempenho técnico". O físico destacou, ainda, como avanço tecnológico o aprendizado relativo ao enriquecimento do urânio. "Acho que esse é o ponto, tecnologicamente, mais elevado, promovido pela Marinha de Guerra".
Caro e arriscado
A organização não-governamental (ONG) ambientalista Greenpeace continua a acreditar que a fonte nuclear para geração de energia elétrica pode ser descartada no Brasil. Hoje, "as usinas Angra 1 e 2 atendem só a 2% da geração elétrica brasileira", argumenta o coordenador da Campanha de Clima e Energia da ONG, Pedro Henrique Torres.
Para ele, com um programa de eficiência energética, que inclua a instalação de placas solares nas casas, ou ampliação dos parques eólicos (que geram energia usando a força dos ventos), o país conseguiria produzir com facilidade esses mesmos 2% de energia.
Torres destacou que os acidentes ocorridos em todo o mundo, como no Japão, no ano passado, e na Ucrânia, em 1986, reforçam a tese que não vale o risco de se investir na geração de energia nuclear. "É muito caro, é arriscado e o lixo atômico demora milhares de anos para se decompor", alega.
O ambientalista refuta a tese de que a energia nuclear é uma fonte limpa, que não emite gases poluentes. "No caso do Brasil, como o urânio não é enriquecido no nosso território, isso não é uma verdade". Segundo Torres, o percurso pelo qual o urânio, minério usado para a geração de energia que abastece as usinas Angra, passa para ser levado ao enriquecimento, representa uma "grande queima de gás carbônico".
No Brasil, a fonte de urânio fica em Caetité, na Bahia. O minério sai de lá e percorre um longo caminho até seguir para o exterior, onde é enriquecido. Em estado puro, o urânio não serve como combustível para a produção de energia.
Desligar tudo
A avaliação é compartilhada pela Coalizão Brasileira contra Usinas Nucleares. O movimento, liderado pelo ativista social e ambientalista Chico Whitaker, está com uma campanha nas ruas coletando assinaturas para sensibilizar os legisladores do país no sentido de suspender as obras da Usina Angra 3 e descomissionar, ou seja, desligar e desmontar, as usinas em funcionamento hoje.
"Já está em tempo de a população e, principalmente, as autoridades, chegarem à conclusão de que não vale a pena construir a terceira usina", disse Whitaker. Ele relembra que, mesmo em um país de alta tecnologia, como o Japão, o episódio de Fukushima mostrou que os reatores nucleares não estão livres de representar um problema.
Whitaker quer levar à Câmara dos Deputados proposta de emenda à Constituição, baseada em uma iniciativa popular, semelhante à proposta que resultou na Lei da Ficha Limpa, pedindo a paralisação da construção de usinas no Brasil e o desmantelamento das unidades existentes. A proposta será encaminhada quando o abaixo-assinado completar, pelo menos, 1,5 milhão de assinaturas: "Estamos começando esse processo".
Rota de fuga
Para as comunidades do entorno da central nuclear brasileira, no município fluminense de Angra dos Reis (litoral sul do estado), a presença das usinas representa benefícios e desvantagens.
Um dos ganhos mais visíveis se reflete na geração de empregos. De acordo com Evandro Vieira, presidente da Associação de Moradores e Amigos do Frade (bairro próximo da central nuclear), boa parte dos moradores da comunidade trabalha nas usinas.
Os vizinhos das usinas, no entanto, não se sentem seguros. A condições de segurança das usinas e o plano de evacuação em caso de acidente nuclear são pontos que preocupam os moradores.
Segundo Vieira, caso haja a real necessidade de evacuação, o plano não é suficiente. "Infelizmente, a BR-101 [Rodovia Rio-Santos, que passa em frente às instalações nucleares de Angra] é muito precária. É a única saída para a população. Pelo mar, não tem como embarcar. Porque não existe um cais decente para atender à necessidade, no caso de evacuação".
Armazenamento do lixo atômico
Enquanto isso, a Eletronuclear, subsidiária da Eletrobras que administra a Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, em Angra dos Reis, está construindo a primeira célula-demonstração para contenção do lixo atômico das usinas nucleares.
A construção deverá estar concluída dentro de três anos, conforme informou o presidente da estatal, Othon Luiz Pinheiro. Ele garante que o sistema de armazenamento dos rejeitos nucleares é seguro.
A técnica adotada faz o encapsulamento de cada célula do combustível e, depois, o encapsulamento do conjunto de elementos combustíveis atômicos. "É uma proteção a mais", observa Othon Pinheiro.
Segundo ele, o armazenamento não será imposto a nenhum município, mas aquele que se dispuser a estocar esse lixo será remunerado. "[O município] ganharároyalties por isso. Se nós tivermos a competência para demonstrar que [o sistema] é seguro, vai ter muito município com densidade populacional baixa, sem utilização para terrenos públicos, que vai ganhar com isso, sem nenhuma consequência para a população".
Reavaliação
Apesar de o programa nuclear brasileiro estar sendo revisto, em função do acidente que abalou a Usina Nuclear de Fukushima Daiichi, no Japão, há um ano, Othon Pinheiro acredita que não há razão para interromper a construção de centrais nucleares no país.
Em construção, Angra 3 deverá entrar em funcionamento em 2016 e vai gerar 1.405 megawatts (MW) de energia.
Para o presidente da Eletrobras, o acidente de Fukushima, um grande vazamento de radiação depois que os reatores foram sacudidos por um forte terremoto e inundados pelo tsunami que se seguiu, em março do ano passado, acabará provando que a energia nuclear dificilmente será abandonada onde é adotada no mundo.
Mesmo descartando problemas similares aos de Fukushima, a Eletronuclear decidiu construir o prédio do reator de Angra 3 à prova de terremoto. De acordo com Othon Pinheiro, a rotina de trabalho na central nuclear brasileira prima pela segurança e pela qualidade de treinamento do pessoal.

Cientistas desenham nova imagem do núcleo de um átomo


Cientistas desenham nova imagem do núcleo de um átomo
Isto não é um átomo, é tão-somente o núcleo de berílio circundado por seu halo. Segundo medições realizadas por uma equipe alemã, o halo se estende a até 7 femtômetros do centro de massa do núcleo, cobrindo uma área três vezes maior do que a parte densa do núcleo.[Imagem: Dirk Tiedemann/Uni-Mainz]


Núcleos são nuvens?
Embora os mais modernosmicroscópios eletrônicos enxerguem até um décimo do diâmetro de um átomo, ainda é difícil para a maioria das pessoas imaginar um átomo inteiro.
Da mesma forma que é difícil corrigir a história de que Cabral teria chegado ao Brasil por acaso, vai levar muito tempo para que as pessoas deixem de imaginar, quando se falar de um átomo, um sistema planetário com um "núcleo-Sol" cercado por "planetas-elétrons".
Já se sabia há muito tempo que os elétrons são "nuvens de probabilidade" ao redor dos núcleos, devido à sua personalidade bipolar, nunca sabendo se são partículas ou ondas.
Mas outro problema dessa visualização do átomo como um sistema planetário é que o núcleo, composto por prótons e nêutrons, é imaginado como algo estacionário, fisicamente delimitado.
E isso não corresponde à realidade.
Na década de 1980 descobriu-se que alguns núcleos atômicos de elementos leves - como hélio, lítio e berílio - não têm bordas externas definidas: eles possuem halos, partículas que se destacam além das bordas do núcleo, criando uma nuvem que envolve o núcleo.
Agora, depois de realizar as observações mais precisas já feitas até hoje do halo nuclear, cientistas demonstraram que até um quarto dos núcleons - prótons e nêutrons - do núcleo denso de um átomo estão viajando continuamente a uma velocidade de até 25% da velocidade da luz.
Cientistas desenham nova imagem do núcleo de um átomo
O átomo de berílio possui dois aglomerados de núcleons, cada um deles parecido com este núcleo do átomo de hélio-4. [Imagem: Wikipedia/Yzmo]
Como é o núcleo de um átomo
Assim, esqueça, Cabral não chegou ao Brasil por acaso, e os núcleos dos átomos não podem ser comparados a laranjas e nem a estrelas.
"Nós geralmente imaginamos o núcleo como um arranjo fixo de partículas, quando na realidade há um monte de coisas acontecendo no nível subatômico que nós simplesmente não podemos ver com um microscópio," ressalta o físico John Arrington, do Laboratório Nacional Argonne, nos Estados Unidos.
Ele e seus colegas usaram grandes espectrômetros magnéticos para observar o núcleo de átomos de deutério, hélio, berílio e carbono.
A surpresa veio com o berílio.
Ao contrário dos outros átomos, ele possui dois aglomerados de núcleons, cada um parecido com um núcleo do átomo de hélio-4.
Esses núcleons, por sua vez, estão associados a um nêutron adicional.
Isso desfaz completamente a figura do núcleo como uma esfera fisicamente delimitada, além de mostrar que o halo é mais complexo do que se imaginava.
Cientistas desenham nova imagem do núcleo de um átomo
A equipe norte-americana sugere uma ilustração onde o próprio núcleo é formado pela antiga visualização do átomo inteiro, com indicações das partículas (pontos brancos) e das suas órbitas. [Imagem: ANL]
Interações entre quarks
Por causa dessa configuração complicada, o núcleo do berílio apresenta um número relativamente alto de colisões, apesar de ser um dos núcleos menos densos entre todos os elementos.
Os cientistas afirmam que esse efeito acelerador pode ser resultado de interações entre os quarks que formam os núcleons - cada próton e cada nêutron consiste de três quarks muito fortemente ligados.
Quando os núcleons se aproximam uns dos outros, entretanto, as forças que unem os quarks podem ser perturbadas, alterando a estrutura dos prótons e dos nêutrons, possivelmente até mesmo formando partículas compostas pelos quarks de dois núcleos diferentes.
"Eu acho que é imperativo que os cientistas continuem a estudar os fenômenos que estão ocorrendo aqui," afirma Arrington. "Nossa próxima medição vai tentar examinar essa questão diretamente, tirando uma fotografia da distribuição dos quarks quando os núcleons se juntam."

Polímeros se autoconsertam sem deixar cicatrizes


Autocura
Polímeros se autoconsertam sem deixar cicatrizes
Cientistas criaram dois novos tipos de material que voltam a se ligar autonomamente depois de serem totalmente rompidos.
E o processo de autoconserto, que funciona de forma tão simples quanto colar e descolar as duas metades de um velcro, não deixa nenhuma cicatriz no material.
As possibilidades de aplicação dessa capacidade de autoconserto são inúmeras, começando por suturas médicas, plásticos que se autoconsertam quando danificados, selantes industriais, peles artificiais para robôs e muitos etcéteras.
Hidrogel
Hidrogéis, ou hidrogeles, consistem em longas cadeias de moléculas depolímeros que formam uma geleia flexível, parecida com os tecidos moles do corpo humano.
Eles têm sido explorados, por exemplo, na fabricação de músculos artificiais que imitam as células musculares humanas e até de umsistema circulatório artificial.
Mas, até agora, ninguém havia conseguido produzir um hidrogel que conseguisse reconstruir as ligações entre as cadeias de suas moléculas depois que um corte é introduzido, o que vinha limitando suas aplicações práticas.
Shyni Varghese e seus colegas da Universidade da Califórnia superaram essa limitação usando o que eles chamam de "cadeia lateral suspensa", moléculas que se estendem como se fossem dedos da "mão" que representa a estrutura principal do hidrogel.
Depois que as duas partes do hidrogel cortado são postas em contato novamente, esses "dedos" se entrelaçam, reconstruindo o polímero.
Polímeros se autoconsertam sem deixar cicatrizes
The gel is continually releasing free radicals that allow the material to repair damage without additional energy [Imagem: Imato et al./Angew. Chem.]
Equilíbrio radical
Já o Dr. Keiichi Imato e seus colegas da Universidade Kyushu, no Japão, usaram uma técnica diferente para conseguir o mesmo efeito.
Eles usaram uma substância chamada DABBF (diarilbibenzofuranona), que pode ser dividida para formar um par de radicais.
A "mágica" acontece porque as unidades de DABBF ficam em uma espécie de equilíbrio dinâmico, constantemente se quebrando em radicais que eliminam o D da fórmula - ou seja, formando arilbibenzofuranona - e então se reformando novamente.
Isto significa que, quando um pedaço do material é inteiramente dividido, basta colocar as duas metades juntas novamente para que elas se unam, também sem nenhuma cicatriz.
"Nosso sistema obteve um autoconserto 'autônomo' e não exige qualquer estimulação externa," afirmou ele.
Bibliografia:

Rapid self-healing hydrogels
Ameya Phadke, Chao Zhang, Bedri Arman, Cheng-Chih Hsu, Raghunath A. Mashelkar, Ashish K. Lele, Michael J. Tauber, Gaurav Arya, Shyni Varghese
Proceedings of the National Academy of Sciences
Vol.: Published online before print
DOI: 10.1073/pnas.1201122109

Self-Healing of Chemical Gels Cross-Linked by Diarylbibenzofuranone-Based Trigger-Free Dynamic Covalent Bonds at Room Temperature
Keiichi Imato, Masamichi Nishihara, Takeshi Kanehara, Yoshifumi Amamoto, Atsushi Takahara, Hideyuki Otsuka
Angewandte Chemie International Edition
Vol.: 51, Issue 5, pages 1138-1142
DOI: 10.1002/anie.201104069