terça-feira, 26 de junho de 2012

Como são fabricados os pneus?


por Marina Bessa
pneu-furado-carro-estrada-amigos-viagem
O senso comum diria que basta pegar uma borracha e prensá-la de acordo com o tamanho de roda que a gente quer, certo?
Hoje em dia, a coisa é mais complicada. Primeiro, porque um pneu moderno leva um tipo especial de borracha - uma mistura de borracha natural, borracha sintética e o chamado "negro de fumo", um derivado do petróleo usado para deixar a mistura bem resistente. Segundo, porque a lista de ingredientes do pneu inclui camadas de poliéster, náilon e até aço.
Juntando essas substâncias com a borracha especial, os fabricantes conseguem produzir seis componentes diferentes, que serão usados para compor cada uma das partes do pneu (veja quais são e para que servem abaixo). Cada uma dessas partes é fabricada separadamente. Para juntar tudo, as indústrias usam tambores e prensas - o resultado desse processo é um barrilzinho de borracha, que os técnicos chamam de "pneu verde". Para "amadurecer" e virar um pneu de verdade, ele ainda precisa passar pela chamada vulcanização.
Nessa última fase, a peça é prensada novamente, dessa vez a uma temperatura superior a 200 ºC. Aí sim, Xuxa, o pneu é moldado conforme o gosto do freguês. E olha que não faltam opções: só para dar uma idéia, apenas em uma grande fábrica na região do ABC paulista são fabricados mais de 300 modelos de pneu!
Reinventando a rodaModelos comuns são compostos por seis partes diferentes
PAREDE LATERAL
Feitas de borracha, elas são o elemento de ligação entre a roda do carro e a parte do pneu que encosta na estrada
LONA DE CORPO
É a camada que faz o pneu suportar o peso da carroceria do carro. Para agüentar o tranco, ela é feita de uma mistura elástica, com borracha, poliéster e náilon
LONA ESTABILIZADORA
Como o próprio nome indica, essa camada ajuda a dar estabilidade ao pneu. Ela leva pequenas placas de fios de aço, cortadas em ângulos específicos para evitar derrapadas
CAPA DE RODAGEM
É a parte do pneu que entra em contato com o solo. Formada por três tipos de borracha com diferentes composições, a capa de rodagem garante a tração do carro e a durabilidade do pneu
TALÕES
São aros de aço envolvidos por uma camada de borracha. É a parte do pneu que entra em contato com a roda do carro
ESTANQUE
É a parte interna do pneu. Formada por várias camadas de borracha, ela impede a saída do ar e a perda de pressão do pneu, dispensando as antigas câmaras

http://mundoestranho.abril.com.br/materia/como-sao-fabricados-os-pneus

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Porto Alegre apresenta o maior índice de cafeína na água

A água que jorra das torneiras de Porto Alegre atende aos critérios legais para ser classificada como potável, mas um levantamento divulgado há duas semanas sugere que ela contém componentes que podem fazer mal à saúde.

O Instituto Nacional de Ciências e Tecnologias Analíticas Avançadas, sediado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), coletou e analisou, em parceria com um conjunto de universidades, amostras da água fornecida em 16 grandes capitais brasileiras. Porto Alegre apresentou o pior resultado: a maior concentração de cafeína.
A cafeína, em si, não é prejudicial. Mas sua presença nos níveis detectados (da ordem de centenas de nanogramas por litro) significa, segundo os pesquisadores, que o manancial usado no tratamento está comprometido pela poluição e que a água oferecida para consumo humano tem alta probabilidade de conter contaminantes potencialmente perigosos. 
— Analisamos a água de três estações de tratamento de Porto Alegre e achamos concentrações preocupantes de cafeína em todas. É preciso investigar isso. Nos últimos anos, descobriu-se que a presença de cafeína está associada à contaminação por mais de 500 substâncias sobre as quais ainda não existe legislação — alerta o professor Wilson de Figueiredo Jardim, coordenador do estudo.

Conforme Jardim, um bom sistema de tratamento de esgoto remove 95% da cafeína despejada pela população. Boa parte do que resiste a esse processo é eliminado depois, quando a água é processada para consumo humano. Mas se o esgoto não é tratado, como ocorre na maior parte do Rio Grande do Sul, a cafeína acaba chegando à água tratada. Com ela, vêm hormônios (a maior parte eliminados na urina e nas fezes de milhões de mulheres que usam pílulas anticoncepcionais), atrazina (um herbicida), fenolftaleína (laxante) e triclosan (um bactericda presente em sabonetes, desodorantes e enxaguatórios bucais).

Ainda se sabe pouco acerca do efeito desses componentes sobre seres humanos, mas há suspeita de que possam estar associados a problemas sérios de saúde. Por causa dessas substâncias, o meio científico já discute se há necessidade de criar novos referenciais sobre o que deve ser considerado água potável.
— As concessionárias dizem, com razão, que atendem à portaria que reza sobre a potabilidade da água. Ocorre que o compromisso das concessionárias não é só atender à portaria, mas zelar pela saúde da população. As companhias de abastecimento têm de deixar a postura de avestruz, de fazer de conta que o problema não existe. A água que é fornecida hoje tem componentes que ainda não são proibidos, mas que não deveriam estar lá. Temos de trabalhar para mudar a legislação e para rever o conceito de tratamento da água, com adoção de tecnologias melhores — defende o pesquisador da Unicamp.

O Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) não faz monitoramento da presença de cafeína na água, mas afirma estar atento à questão dos contaminantes emergentes. O diretor-geral do órgão, Flávio Presser, diz que não há motivos para a população se preocupar, porque a água fornecida em Porto Alegre obedece a todos os padrões estabelecidos.
— Tudo o que apareceu é traço do traço. Só uma análise muito precisa, feita para uma tese de doutorado, consegue medir isso. O aparecimento dessas substâncias é resultado de mudanças nos hábitos de consumo. O que se tenta agora é verificar em que níveis elas podem trazer prejuízo a populações humanas. É uma coisa que ninguém definiu ainda. Temos de descobrir os limites que atingem a saúde antes de ultrapassá-los e chegar a novos métodos de tratamento da água. Mas isso é coisa lá para a frente — diz Presser.

Efeitos de contaminantes ainda são desconhecidosA ciência despertou há pouco para o problema dos contaminantes emergentes. Um dos brasileiros que investigam o tema é o professor Ricardo Luvizotto Santos, coordenador do curso de oceanografia da Universidade Federal do Maranhão. Ele estudou o efeito que hormônios femininos como o estrógeno, que chegam aos rios pelo esgoto, têm em populações de peixes. Em um dos trabalhos, Luvizotto cultivou peixes em água retirada do Rio Monjolinho, em São Carlos (SP). Em outro, coletou tilápias do Rio Bacanga, de São Luís (MA). Nos dois casos, descobriu que os machos passaram a produzir proteínas tipicamente femininas.

— Esse processo é conhecido como feminilização e pode trazer consequências sérias na capacidades da reprodução das espécies que vivem em rios poluídos. Também significa que há presença de hormônios no ambiente em quantidade suficiente para causar um efeito de magnitude, que pode afetar outros animais e pessoas — explica o pesquisador.

O que ainda não está claro é o impacto que consumir água com hormônios femininos pode ter na saúde humana. No entanto, sabe-se que mesmo em quantidades minúsculas eles são muito bioativos e que têm capacidade de provocar alterações no sistema endócrino.
— Não há estudos conclusivos, porque  estamos expostos não só a hormônios, mas a muitos outros componentes. Há, porém, indícios de que os hormônios na água possam estar associados a câncer de colo do útero, de próstata e de mama, endometriose, puberdade precoce nas meninas, diminuição do tamanho do pênis e redução da contagem de espermatozoides — afirma Luvizzoto.

Apesar da preocupação crescente entre os cientistas, a análise de contaminantes como os hormônios não figura na portaria 2.914, publicada no ano passado para regular a qualidade da água no país. Ellen Pritsch, integrante da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes) e integrante da comissão que elaborou o documento, afirma que ainda não há elementos para justificar a medição de contaminantes emergentes na água tratada.

— Analisamos alguns desses estudos, mas eles não foram suficientes, em nosso entendimento, para motivar uma obrigatoriedade, do Oiapoque ao Chuí, de se fazer uma série de provas adicionais. Há uma infinidade de compostos que podem aparecer — justifica.

O texto da portaria, no entanto, prevê a possibilidade de análises complementares se houver suspeita de contaminação.

— Podemos verificar um problema em um determinado local, onde se fará necessária a ampliação da análise — diz Ellen.

O estudo
— Entre junho e outubro de 2011, os pesquisadores coletaram a água fornecida por 16 capitais brasileiras que somam 40 milhões de habitantes, como São Paulo, Rio e Brasília. As coletas ocorreram em diferentes pontos das cidades, no hidrômetro das residências
— Em Porto Alegre, a coleta abrangeu três estações de tratamento: Menino Deus, Moinhos de Vento e São João

— Porto Alegre apresentou o maior nível de cafeína na água. Chamou atenção que as três estações tiveram índices elevados, da ordem de centenas de nanogramas por litro (o valor exato ainda não é divulgado, porque será incluído em uma tese que exige ineditismo)

— Índices altos de cafeína são considerados excelentes indicadores da presença de outros componentes, não proibidos pela legislação, mas que se suspeita serem nocivos à saúde
http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/geral/noticia/2012/06/porto-alegre-apresenta-o-maior-indice-de-cafeina-na-agua-3778008.html

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Arsênio é o elemento mais crítico para tecnologia moderna


Redação do Site Inovação Tecnológica - 13/06/2012
Minerais tecnológicos
Em tempos de preocupações comminerais de terras raras e metais ameaçados de extinção, você se arriscaria a apostar no elemento mais crítico para a moderna tecnologia?
Lítio, silício, germânio, platina são os mais conhecidos do público. Mas estará entre eles aquele cuja falta mais ameaçaria a aparentemente tão autossuficiente era da tecnologia?
Definitivamente não, afirma uma equipe de pesquisadores da Universidade de Yale, nos Estados Unidos.
E a resposta está no arsênio, o As da tabela periódica, com seu número atômico 33 e massa atômica 75 - um elemento altamente tóxico para o ser humano.
Mas por quê?
V. Ex.a, GaAs
Nedal Nassar e seus colegas respondem que é por causa do papel crítico que o arsênio desempenha na fabricação dos processadores de computador, mais especificamente, da tecnologia dos semicondutores à base de arseneto de gálio - uma liga do arsênio com o gálio, ou GaAs.
O grupo explica que os cinco finalistas nesse jogo das ameaças à tecnologia são ouro, prata, arsênio, selênio e telúrio, a maioria deles explorado como subprodutos da mineração do cobre.
O cobre é bem tradicional, e é usado para transportar eletricidade. Mas o transporte de eletricidade com a precisão e a eficiência necessária aos circuitos eletrônicos integrados é feito pela prata e pelo ouro, como acontece nos contatos das memórias de computador.
Os fabricantes de painéis solares, por sua vez, precisam de selênio e telúrio, enquanto, finalmente, os fabricantes de chips para computadores dependem muito do arsênio.
O grupo salienta que, ainda que um problema de suprimento de qualquer um desses metais afete um grande número de indústrias de alta tecnologia, o arsênio é o mais crítico de todos.
Criticalidade do Arsênio ameaça tecnologia moderna
O arsênio (As) é o elemento com maior criticalidade para a tecnologia moderna. [Imagem: Nassar et al./ACS]
Tente, por exemplo, voltar na cadeia produtiva, da mais alta tecnologia para a menos intensiva em tecnologia, retirando os computadores de qualquer atividade humana, e se poderá pesar adequadamente sua importância.
Na verdade, o composto GaAs é importante também para a fabricação de raios laserLEDs e diversos circuitos para transmissão de dados, além de alguns tipos de células solares.
Criticalidade
Não existe um padrão para avaliação do risco de suprimento de minerais e metais, que inclua a disponibilidade de reservas, fatores ambientais, fatores políticos, vulnerabilidades da cadeia de suprimentos etc.
Por isso a equipe usou o critério da "criticalidade", um conceito que leva em conta o risco da escassez futura e dos potenciais danos à economia gerados por essa escassez.
O arsênio teve a maior criticalidade, seguido de perto pela prata e pelo selênio.
A equipe afirma que seu ranking é dinâmico, e terá que ser avaliado ao longo do tempo, certamente apresentando mudanças conforme variem tanto a oferta quanto a demanda, assim como o desenvolvimento de substitutos e a criação de tecnologias alternativas.
Bibliografia:

Criticality of the Geological Copper Family
Nedal T. Nassar, Rachel Barr, Matthew Browning, Zhouwei Diao, Elizabeth Friedlander, E. M. Harper, Claire Henly, Goksin Kavlak, Sameer Kwatra, Christine Jun, Simon Warren, Man-Yu Yang, T. E. Graedel
Environmental Science and Technology
Vol.: 46 (2), pp 1071-1078
DOI: 10.1021/es203535w